Endometriose na gestação: quais são os riscos?

Endometriose na gestação: quais são os riscos?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada dez mulheres no Brasil têm endometriose, uma doença que faz com que o tecido que reveste o útero cresça fora dele. A condição pode causar sintomas bastante desagradáveis, como cólicas intensas, dores na região abdominal e menstruação abundante. E, para as mamães, a endometriose na gestação também pode trazer complicações.

Além da dificuldade para engravidar, mulheres que têm a doença acabam correndo mais riscos de terem abortos espontâneos e partos prematuros, por exemplo.

Neste post, vamos explicar sobre esses perigos e como eles podem ser minimizados.

O que é a endometriose?

A endometriose é uma condição inflamatória provocada por células do endométrio, o tecido que reveste o útero. Normalmente, esse tecido fica mais espesso para receber o óvulo e esperar a fecundação, que vai gerar um bebê. Mas, se a mulher não engravida, a camada descama – o que dá origem à menstruação.

Na endometriose, o tecido acaba agindo como em um “refluxo”: em vez de ser expelido para fora da cavidade uterina, ele se movimenta no sentido contrário, caindo em órgãos como os ovários, trompas, bexiga e intestino.

As consequências mais comuns da doença são:

  • cólicas intensas
  • fluxo menstrual aumentado
  • dor pélvica crônica
  • dor durante a relação sexual
  • dor para evacuar

A condição também pode causar infertilidade. Como ela acomete as trompas, que são os órgãos responsáveis por conduzir o óvulo até o útero, muitas vezes mulheres com a doença podem acabar tendo gravidezes ectópicas (quando o óvulo se prende às paredes da trompa).

Por isso, mulheres que têm (ou suspeitam ter) endometriose precisam, preferencialmente, buscar um obstetra antes de engravidar.

Quais são os riscos da endometriose na gestação?

“Então se eu tiver endometriose não posso ter filhos”? Não é bem assim! Muitas mulheres diagnosticadas com a doença conseguem gestar normalmente, já que, em alguns casos, os ovários e as trompas não são afetados.

Estima-se, inclusive, que entre 50 a 70% dos casos é possível engravidar de forma natural. Já para os demais casos, pode ser preciso uma intervenção cirúrgica ou optar pela reprodução assistida.

De qualquer forma, a condição pode, sim, interferir na gestação. Os principais riscos são de aborto espontâneo, parto prematuro, pré-eclâmpsia e placenta prévia.

Aborto espontâneo

Os abortos espontâneos acontecem em 15% de todas as gestações no mundo, e a endometriose pode ser um dos fatores. Isso porque ela causa um processo inflamatório nas regiões atingidas, afetando a receptividade do endométrio para receber o embrião.

Além disso, a doença pode causar cistos nos ovários, que afetam a qualidade dos óvulos. E a tendência natural do organismo é “expulsar” esses óvulos que tenham mais chances de desenvolver bebês com doenças.

Mas vale ressaltar que a endometriose na gestação não significa necessariamente que a mulher vai sofrer um aborto. Cada gravidez é única e cada uma tem suas particularidades. Porém, as mulheres que têm a condição precisam sim de um pré-natal mais rigoroso.

 Parto prematuro

Uma gestação saudável tem entre 37 e 42 semanas. Se o bebê nasce antes disso, ele pode ser considerado prematuro, o que pode trazer algumas complicações para a sua saúde.

A endometriose pode aumentar a propensão de um parto prematuro por conta das substâncias inflamatórias no útero, das alterações na contratilidade uterina e na baixa resposta à progesterona, que é o hormônio que diminui as contrações.

Pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é um distúrbio que provoca a disfunção dos vasos sanguíneos da placenta, aumentando a pressão arterial da gestante. É um distúrbio que requer bastante atenção e um acompanhamento criterioso.

Estudos recentes mostraram que mulheres com endometriose tem quase 2 vezes mais risco de desenvolver pré-eclâmpsia do que as que não têm a doença.

Placenta prévia

A função da placenta é fornecer oxigênio e nutrição para o bebê. Nas mulheres com endometriose, ela pode acabar ficando mal posicionada, se implantando na parte inferior do útero e cobrindo parcial ou totalmente o colo do útero.

Esse posicionamento inadequado pode provocar sangramentos, afetando a oxigenação do feto. A condição pode levar a hemorragias graves, causando riscos de vida para a mulher, e também aumenta as chances de um parto prematuro.

Como tratar a endometriose na gestação

No geral, a endometriose é tratada com medicamentos que interrompem a menstruação, como a pílula anticoncepcional de uso contínuo. Também pode ser preciso fazer cirurgia para remover lesões maiores que a condição possa ter causado em alguns órgãos.

Já durante a gestação, os sintomas da doença tendem a melhorar. Não existe um consenso sobre o que provoca essa melhora, mas ela pode estar relacionada aos altos níveis de progesterona que o corpo produz durante essa fase. Aliado a isso, também está a ausência de menstruação durante esse período.

Porém vale lembrar que esse benefício é temporário e nem a gravidez nem a amamentação curam a endometriose. Uma vez que a mulher interrompa o aleitamento materno, a doença volta a se manifestar no corpo.

Minimizando riscos

Ainda que a endometriose na gestação apresente riscos tanto para a mamãe quanto para o bebê, existem algumas medidas que podem ajudar a minimizá-los.

O principal deles é manter as consultas ginecológicas em dia antes da gravidez, e avisar ao seu médico sobre todos os seus sintomas. Sentir cólicas intensas não é normal e sua dor não deve ser minimizada!

Só assim vai ser possível investigar e, se preciso, começar o tratamento antes de planejar a sua gestação.

Depois disso, o ideal é manter um pré-natal criterioso com um obstetra especializado em gravidez de alto risco, para monitorar a saúde da mulher e do feto. Outra medida importante é adotar uma dieta saudável e equilibrada, além de manter o descanso em dia.

Por fim, pacientes com endometriose precisam debater opções para o parto, levando em consideração possíveis complicações da doença, como o parto prematuro.

Ainda que ofereça riscos, a endometriose na gestação não é uma sentença! Se você tem a doença e está planejando engravidar, conte conosco para que esse momento seja o mais tranquilo e saudável possível!

Dra. Amanda Heinen - Obstetra Joinville

Dra. Amanda Heinen | Ginecologista e Obstetra - CRM 11756 | RQE 7847

Compartilhar:
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Veja Também