Assistência ao Parto

A assistência ao parto envolve uma série de medidas para promover um parto saudável para a mãe e o bebê.

A assistência ao parto é uma série de protocolos de cuidados com a gestante, determinados com base em evidências científicas para garantir o respeito à mulher e à sua autonomia ao parir.

As medidas começam antes mesmo do parto, com orientações à mulher e às famílias sobre como será o nascimento do bebê, o que é preciso considerar, os direitos da parturiente e tudo o que for mais relevante para seu preparo.

Estudos comprovam que quanto mais se valoriza o protagonismo da mulher, com respeito e atenção ao momento do parto, maiores são as chances de um parto tranquilo e saudável para mãe e bebê.

O parto é compreendido não só como um conjunto de técnicas, mas como um momento fundamental para a vida da mãe e do bebê.

Parto é um fenômeno fisiológico, mas também sócio-cultural. É mais que um processo mecânico, é neuroendócrino, que envolve emoções e questões subjetivas, como a sensação de dor, a maternagem e o vínculo do binômio mãe-bebê.

Assistência ao parto: diretrizes

O Ministério da Saúde estabelece uma série de diretrizes de assistência ao parto normal. As principais são:

1. Locais de parto

A gestante de baixo risco deve ser informada sobre os locais de parto, suas vantagens e desvantagens.

As opções são: maternidade, centro de parto normal e no próprio domicílio. É importante destacar que a assistência ao parto em domicílio não faz parte das políticas atuais de saúde no país.

No local de parto escolhido, a mulher deve ter acesso a:

  • Equipe médica (obstetra, anestesista, pediatra);
  • Cuidados por enfermeiras obstétricas ou obstetrizes;
  • Métodos de alívio da dor, sejam farmacológicos ou não.

A mulher deve ser informada sobre a probabilidade de ser transferida para a maternidade (caso não esteja em uma), as razões para isso e o tempo necessário.

Existe uma classificação de risco para as maternidades e locais de parto que devem ser observadas pelos profissionais da saúde que atendem a gestante.

2. Cuidados Gerais

O parto de baixo risco pode ser realizado por médico obstetra, enfermeira obstetra e obstetriz.

A mulher deve ser tratada com respeito, ter acesso a informações baseadas em evidências e ser incluídas nas tomadas de decisões.

A parturiente deve ter apoio contínuo durante o trabalho de parto, de preferência por alguém que não seja da equipe hospitalar. Ela pode escolher acompanhante a sua escolha, bem como ter a atenção de uma doula.

Quanto à alimentação, a mulher pode ingerir líquidos como soluções isotônicas, além de água. Se não estiver sob efeito de opiodies ou prestes a passar por uma anestesia geral, está liberada para ter uma dieta leve.

Logo após o nascimento, deve ser proporcionado à parturiente o contato pele a pele imediato com o bebê. Além de reforçar o vínculo, promove o estímulo à amamentação;

3. Dor no parto

A sensação da dor é relativa e varia inclusive entre culturas diferentes. A mulher oriental entende a dor de forma diferente da ocidental, por exemplo.

A dor gera estresse, tensão e causa impacto não só no trabalho de parto, mas também na liberação da ocitocina e da prolactina, essenciais para amamentação.

Só a parturiente sabe seu nível de tolerância à dor. Portanto, no parto, devem ser oferecidos à mulher métodos de alívio da dor, sejam eles:

  • Não-farmacológicos (imersão em água, massagens, banhos quentes, técnicas de relaxamento, músicas, aromas etc),
  • Farmacológicos (analgesia inalatória, intramuscular e endovenosa).

A decisão sobre o método de alívio da dor deve ser da mulher, não importa a dilatação ou o período do parto.

Outra medida de alívio da dor é incentivar a mulher a se movimentar e adotar posições diferentes da deitada, que sejam mais confortáveis. As mais comuns são de cócoras, quatro apoios, de lado, de pé ou ajoelhada.

4. Intervenções no parto

Atualmente, uma série de intervenções que costumavam ser rotineiras nas maternidades e hospitais estão sendo reavaliadas. Muitas práticas já não são recomendadas.

A mulher deve ser informada sobre essas práticas para tomar suas decisões e registrá-las num plano de parto. Hoje, há restrições para técnicas como:

  • Episiotomia (corte no períneo),
  • Aceleração do parto,
  • Uso de fórceps para retirada do bebê,
  • Enema (lavagem intestinal),
  • Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos e perianais),
  • Amniotomia precoce (rompimento da bolsa) em mulheres com boa progressão,
  • Corte precoce do cordão umbilical (é recomendado esperar de 1 a 5 minutos ou até parar a pulsação),
  • Aspiração de secreções do recém-nascido saudável,

Manobra de Kristeller (empurrão no útero), entre outras.

Assistência ao parto cesariano

O número de cesarianas no Brasil é considerado alto. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice aceitável fica entre 10% a 15% dos partos, no Brasil, atinge cerca de 57%, sendo que na rede particular chega a 84% dos nascimentos.

Enquanto especialistas discutem as causas e propõe medidas para equilibrar essa taxa, as mulheres precisam ser informadas sobre os casos em que a cesária é necessária.

Algumas das indicações de cesariana são:

  • Prolapso de cordão com dilatação não completa;
  • Descolamento de placenta com feto vivo, fora do período expulsivo;
  • Placenta prévia parcial ou total;
  • Apresentação córmica (situação transversa);
  • Ruptura de vasa praevia;
  • Herpes genital com lesão ativa;
  • Desproporção cefalopélvica;
  • Sofrimento fetal agudo;
  • Parada de progressão que não se resolve com medidas habituais.

A assistência ao parto é individualizada e cada caso deve ser analisado em particular. As decisões devem ser tomadas em conjunto entre a mãe, a família e a equipe médica.

Agende uma consulta